“A operação Maus Caminhos foi responsabilidade do governador Omar Aziz. Os fatos estão nos autos”, afirmou o ex-governador do Amazonas, José Melo (Pros), durante entrevista ao portal Foco no Fato, ocorrida nesta sexta-feira, 19/11, durante o quadro Fato ou Fake.
Formado em Economia pela Ufam, José Melo foi ex-governador cassado do Amazonas, secretário municipal e estadual de Educação, administrou o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (IDAM), a Secretaria de Estado de Coordenação do Interior (Seint) e Secretaria de Governo. Em seu currículo, há dois mandatos de deputado federal, um de deputado estadual pelo Estado e também o de vice-governador.
Durante quase uma hora, o filho de seringueiro falou de peito aberto sobre a traição na política, o tempo de exílio, a prisão e a perseguição que sofreu após perder o mandato de governador. Disse ainda que não confia nunca mais no senador Eduardo Braga, no qual não faz nenhuma questão de manter relação de amizade ou política.
“O nome que eu não confio é o de Eduardo Braga. Quando ele disse que não ia perder as eleições para um professorzinho de interior (em 2014), eu entrei de cabeça na campanha e percorri todo o Amazonas, derrotando-o com mais de cem mil votos nas urnas”, relembrou Melo.
O ex-governador afirmou que tem muito orgulho em ser conhecido como “Professor Melo” e reconhece a importância da profissão para o desenvolvimento social de um Estado. Após migrar para a política, ele passou a ser o “meio de campo” de muitos políticos locais, como Amazonino Mendes, o próprio Eduardo Braga, Omar Aziz, no qual sempre “trabalhou duro” para reelege-los, ajudando-os a fazer o gol, mas quando chegou a sua vez para disputar o cargo de governador do Estado, não teve a mesma reciprocidade.
“Foi quando tive a oportunidade de mudar de lado para eu fazer o gol. Na época, erámos rio negro e amazonas com Omar, naquele meio político, hoje não mais”, comentou Melo, que se sentiu traído pelo senador Omar Aziz, que quando governador do Amazonas, teria iniciado o esquema de desvio de dinheiro da saúde que deflagrou a operação Maus Caminhos. Melo foi preso na terceira fase da operação, em dezembro de 2017, suspeito de integrar o grupo, mas que conseguiu na Justiça comprovar sua inocência.

Sobre a perda de mandato de governador, acusado de compra de votos, o professor também conseguiu comprovar que tudo não passou de perseguição política. “Passei 133 dias preso por algo que não fiz. Passei três anos da minha vida com uma tornozeleira eletrônica, que quase necrosou meu pé, por algo que não fiz. Já respondi na Justiça e comprovei minha inocência. Estou aqui de peito aberto e não tenho vergonha de começar por onde iniciei minha vida pública que foi de deputado estadual”, respondeu.
Melo está pré-candidato ao cargo de deputado estadual e afirmou que uma de suas bandeiras será a de trazer novas matrizes econômicas ambientais de forma sustentável para gerar emprego e renda, valorizar os produtos do Amazonas. “Queremos permitir que Autazes explore o potássio, Presidente Figueiredo o nióbio de forma sustentável, que possamos explorar comercialmente e se tornar um dos maiores fornecedores de peixes de água doce do mundo. Que a gente pare de trazer o tambaqui e a matrinxã, com todo respeito de outros estados, pois podemos produzir em alta escala aqui”, comentou.
Melo disse, ainda, que foi traído, execrado, perdeu o prestigio político, mas que tem a humildade para recomeçar e que não vai mais se aliar aos nomes da velha política, alguns que afirmavam ser seus amigos, mas que quando precisou, todos viraram as costas.