PORTUGAL

AFEGÃO MATA DUAS MULHERES EM PORTUGAL

Afegão de 29 anos mata duas mulheres a facadas e fere gravemente professor em centro islâmico de Lisboa. Autoridades não confirmam atentado terrorista e temem que a extrema direita utilize o caso para fomentar o ódio aos estrangeiros

Lisboa —  O afegão Abdul Bashir, de 29 anos, matou a facadas duas mulheres que trabalhavam com refugiados no centro islâmico Ismaili e feriu gravemente um professor de português. O crime ocorreu por volta das 11h e levantou a possibilidade de um ataque terrorista, que não foi confirmado pelas autoridades. O homem, segundo agentes de segurança, portava uma “faca de grandes dimensões” e teve de ser contido com um tiro na perna. Ele foi operado e colocado sob custódia da Polícia Judiciária.

A tragédia só não foi maior porque a Polícia de Segurança Pública (PSP) chegou ao Centro Ismaili em apenas um minuto após ser acionada. Foram mortas Mariana Jadaugy, 24, licenciada em Ciências Políticas e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa e mestra pela Universidade de Lisboa, e Farana Sadrudin, 49, engenheira pela Escola Superior de Tecnologia de Setúbal. As vítimas, que são portuguesas, eram especialistas em acolhimento a imigrantes, auxiliando no preparo de documentos e na busca por emprego e moradia. Elas teriam sido esfaqueadas ao tentarem conter o ataque do afegão ao professor. “Foi um acontecimento terrível”, disse o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

O assassino — pai de três filhos, de 9, 7 e 4 anos — desembarcou em território luso há um ano, dentro de um acordo assinado entre o governo português e autoridades da Grécia, principal porta de entrada de refugiados na Europa. Ele havia perdido a mulher durante um incêndio em um centro de acolhimento grego e acabou entrando em um programa de proteção internacional. Segundo o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, foram seguidos todos os trâmites de segurança para o recebimento de Bashir. O ministro pediu, inclusive, que não se use esse crime para alimentar a xenofobia, defendida por integrantes da extrema direita.

“Todas as informações que temos são de que o homem responsável pelo ataque tinha um comportamento pacífico e frequentava o Centro Ismaili, se relacionando com a comunidade”, afirmou Carneiro. “Portanto, tudo indica que foi um fato isolado, e lamentamos muito o que ocorreu”, acrescentou. O presidente da República endossou esse discurso. “Não podemos generalizar, julgar uma comunidade inteira, com bons serviços prestados a Portugal, por uma pessoa. É injusto”, assinalou. Na avaliação do primeiro-ministro António Costa, é preciso apurar todos os fatos e não fazer julgamentos precipitados.

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