27/05/2023
A escolha de Lula pelos dois candidatos aliados de Alexandre de Moraes para as vagas de ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dividiu opiniões e decepcionou alas internas do PT. Lula e Moraes almoçaram juntos no Palácio do Planalto na quarta (24), data em que os nomes foram escolhidos. No almoço, segundo fontes do governo, além das indicações dos novos magistrados que vão ocupar as vagas destinadas a juristas, o presidente da República e o presidente do TSE também conversaram brevemente sobre a relação entre Executivo e Judiciário. O almoço não constou na agenda do presidente Lula, que costuma divulgar seus compromissos.
Após o almoço, o Supremo Tribunal Federal (STF) elegeu uma lista com quatro nomes de advogados e encaminhou para que Lula escolhesse dois deles para a Corte Eleitoral. Na lista estavam os nomes de André Ramos Tavares e Floriano de Azevedo Marques, aliados e amigos de Alexandre de Moraes, e de Daniela Borges e Edilene Lobo.
A expectativa era de que Lula indicasse um dos aliados de Moraes e Edilene Lobo. Isto porque, a advogada mineira, além de contemplar uma demanda de sua base social — a de colocar uma mulher negra como ministra de uma corte superior — é próxima de alas do PT. O nome de Edilene também era bem-visto por Gleisi Hoffmann, presidente do partido, para quem a advogada já atuou em algumas causas.
O anúncio sobre a escolha do presidente da República acabou sendo adiantado pelo ministro Alexandre de Moraes no final do dia, o que, além de surpreender correntes do partido, frustrou a militância, que aguardava a indicação da primeira mulher negra a ser ministra do TSE.
Um membro da direção avaliou que era necessário Lula fazer esse aceno a Moraes, sobretudo pela conduta do ministro como “peça fundamental para garantir a democracia e o fortalecimento das instituições”, afirmou.
Outro integrante da direção, membro de uma corrente que se coloca como ‘mais à esquerda’ dentro do PT, avaliou que a escolha “pegou mal” não só entre a militância petista, como também entre eleitores que aguardam uma mudança de composição das instituições: “Lula compôs agora uma equipe ministerial com o maior número de mulheres da história. Não é só uma demanda do PT, é uma demanda de grupos progressistas, inclusive de advogados, que atuam pela democracia e apoiam o governo”, disse se referindo às indicações para as cortes superiores.
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